O que a Japan House e o IED me ensinaram sobre design, biomateriais e um futuro sem desperdício? 

Recentemente, estava entediada e resolvi visitar uma exposição na Japan House chamada “Princípios Japoneses: Design e Recursos”, e ela me fez pensar sobre como o design pode ser uma ponte poderosa entre tradição e inovação sustentável. Essa experiência me lembrou muito do trabalho desenvolvido pelo Istituto Europeo di Design (IED), que também explora soluções criativas para desafios contemporâneos. 

A exposição parte do conceito de mottainai, uma filosofia japonesa que valoriza o “não desperdício” em um sentido amplo – desde materiais até relações humanas e o tempo. Ao reunir 16 projetos de 14 criadores, ela oferece um panorama inspirador de como o design pode minimizar desperdícios e repensar a utilização de recursos. 

Alguns exemplos que me marcaram: 

  • O arroz: muito além da alimentação: Projetos como o TYPE – I MM Project de A-POC ABLE ISSEY MIYAKE transformam a casca de arroz, normalmente descartada, em tecidos sofisticados. Outro destaque foi a criação de banquetas com serragem e juta, mostrando como materiais simples podem ganhar novas funções. 
  • Louças que viram adubo: As louças descartáveis da Wasara, feitas a partir de bambu e bagaço de cana-de-açúcar, são compostáveis e exemplificam o ciclo completo da sustentabilidade. 
  • Madeira com história: Pranchas de surfe e skates feitos de madeira danificada por ursos, revestidos com urushi (a laca japonesa), ilustram como o reaproveitamento pode gerar produtos únicos e funcionais. 
  • Instrumentos musicais: Um clarinete da Yamaha, criado com madeira mosqueada e inspirado na técnica do kintsugi – que valoriza as imperfeições – é uma lembrança de como o design pode unir estética e funcionalidade. 

Com seu Laboratório de Biomateriais, o IED também explora alternativas inovadoras como revestimentos feitos de beterraba, abóbora e cogumelos, além de vidro triturado reaproveitado. Essas soluções têm sido aplicadas em projetos reais, como as cubas do retrofitado edifício Virgínia, em São Paulo, e apresentadas em eventos internacionais. Esse esforço destaca como o design sustentável pode integrar criatividade e tecnologia de forma transformadora. 

Ao refletir sobre tudo isso, fica claro que design não é apenas uma questão de forma ou função – é uma prática que pode redefinir nossa relação com o mundo ao nosso redor. Seja através da filosofia japonesa ou das inovações do IED, somos convidados a pensar em como nossas escolhas hoje podem moldar um futuro mais consciente e equilibrado.